Nesse mês faço dezoito anos e me tornarei legalmente adulta (e mentalmente mais abalada). Peguei todo esse entusiasmo de pré-maturidade, coloquei numa mala e embarquei pra Curitiba, na primeira viagem em que o único responsável legal comigo não era alguém da minha família. Antes de mais nada, Curitiba é uma cidade linda, limpinha, tem gente bonita e enche os olhos passear por lá, mesmo que eu não tenha, de fato, passeado realmente.

A viagem, entretanto, foi desastrosa por inúmeros motivos. O principal deles é que eu tinha um objetivo indo pra lá e o destino resolveu avacalhar com ele. A questão, em resumo, é a seguinte: eu me arrependi de ir. Mas arrependimento não paga contas e a da viagem veio tão cara que fiquei horrorizada, porque afinal, como parte do meu treinamento para a fase adulta, era eu quem estava bancando toda a minha parte nessa história.

E então percebi o quanto aquilo me afetou, o quanto pagar por algo cujo eu não aproveitei da maneira adequada dava uma sensação ruim. Não pelo preço, porque se tudo tivesse dado certo eu não me importaria de pagar o triplo da conta. A questão é que no mundo adulto você não ganha dinheiro à toa, toda a sua grana sai de algum lugar (creio eu que de seus esforços) e portanto você quer fazer aquilo valer à pena. Você quer que seu dinheiro vá pra algo significativo em sua vida, não importa se é pra comprar a casa que você vai viver nos próximos 50 anos ou em uma festa que vai durar uma noite, desde que aquilo tenha valor pra você.

Em matéria de maturidade, lidar com dinheiro é pré-requisito. Nessas minhas aulas auto-didáticas, aprendi que não tem problema gastar com prazer próprio. Isso é investimento em si mesmo. O problema é quando há algo gasto sem um objetivo atingido. Quando se paga e não se recebe. Infelizmente tem coisas que não dão pra prever de antemão, mas se der, não custa ponderar sobre isso. No meu caso, o único preço que paguei foi o da experiência.